Resenha – semana 1
Diálogos impossíveis de Luís Fernando Veríssimo.
Drácula e Batman discutem
no asilo. Robespierre tenta subornar o carrasco. Goya e Picasso conversam sob o
sol da Côte d’Azur.
Qual um existencialista dotado de senso de humor, Verissimo persegue em suas crônicas o absurdo que marca a existência humana – salvo engano, a única que se preocupa com o seu propósito, o seu término e se alguém está falando demais na hora do pôquer. Em nenhum momento essa maldição se torna mais evidente do que na hora em que o homem abre a boca. Então, o que era para comunicar acaba é “estrumbicando”.
Tais constatações podem ser verificadas em seu novo livro, Diálogo impossíveis, seja no diálogo imaginário de Don Juan tentando seduzir a própria Morte ou na conversa cotidiana de um casal que se desentende na hora de dormir. Tanto faz. O homem – e, sejamos igualitários, a mulher – parece falar o que não deve e calar no fundamental. Para sorte do leitor, Verissimo está sempre por perto, registrando os hilariantes momentos em que o ser humano exerce sua vocação para a confusão:
– Não somos muito diferentes – diz Drácula.
– Somos completamente diferentes! – rebate Batman. – Eu sou o Bem, você é o Mal. Eu salvava as pessoas, você chupava o seu sangue e as transformava em vampiros como você. Somos opostos.
– E no entanto – volta Drácula com um sorriso, mostrando os caninos de fantasia – somos, os dois, homens-morcegos...
Batman come o resto do seu iogurte sob o olhar cobiçoso do conde.
– A diferença é que eu escolhi o morcego como modelo. Foi uma decisão artística, estética, autônoma.
Qual um existencialista dotado de senso de humor, Verissimo persegue em suas crônicas o absurdo que marca a existência humana – salvo engano, a única que se preocupa com o seu propósito, o seu término e se alguém está falando demais na hora do pôquer. Em nenhum momento essa maldição se torna mais evidente do que na hora em que o homem abre a boca. Então, o que era para comunicar acaba é “estrumbicando”.
Tais constatações podem ser verificadas em seu novo livro, Diálogo impossíveis, seja no diálogo imaginário de Don Juan tentando seduzir a própria Morte ou na conversa cotidiana de um casal que se desentende na hora de dormir. Tanto faz. O homem – e, sejamos igualitários, a mulher – parece falar o que não deve e calar no fundamental. Para sorte do leitor, Verissimo está sempre por perto, registrando os hilariantes momentos em que o ser humano exerce sua vocação para a confusão:
– Não somos muito diferentes – diz Drácula.
– Somos completamente diferentes! – rebate Batman. – Eu sou o Bem, você é o Mal. Eu salvava as pessoas, você chupava o seu sangue e as transformava em vampiros como você. Somos opostos.
– E no entanto – volta Drácula com um sorriso, mostrando os caninos de fantasia – somos, os dois, homens-morcegos...
Batman come o resto do seu iogurte sob o olhar cobiçoso do conde.
– A diferença é que eu escolhi o morcego como modelo. Foi uma decisão artística, estética, autônoma.
Opinião: Assim que vi esse livro refleti sobre seu título e pensei
“Veríssimo deve trazer seu humor para que nos faça perceber o quanto é difícil
manter um diálogo com alguém.” E era mais ou menos isso. O humor que estamos
acostumados a ver em Veríssimo esteve presente, mas de forma acentuada como
geralmente é.
Existem trechos que conseguimos entender a ironia que ele utilizou mais sem humor. Enfim, uma ótima leitura. Fazem-nos perceber que palavras ou ações mal entendidas podem ser alvos de discussão por anos e sem nunca chegar a uma conclusão.
Existem trechos que conseguimos entender a ironia que ele utilizou mais sem humor. Enfim, uma ótima leitura. Fazem-nos perceber que palavras ou ações mal entendidas podem ser alvos de discussão por anos e sem nunca chegar a uma conclusão.
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